Sawasdee!

Esta palavra está sempre acompanhada de uma pequena reverencia com a cabeça e das mãos postas na forma de oração. Sawasdee, é tradicional saudação de boas-vindas, expressão de alegria e satisfação em receber o visitante. Uma palavra que resume toda a simpatia e delicadeza do povo Tailandês. Sawasdee, foi a palavra que mais ouvi em minha viagem e a que me faz recordar melhor deste fantástico e lindo país.

Bangkok

Norte da Tailândia  

 

Visitei a Tailândia em meados de outubro, justamente no final da estação das chuvas e do início da temporada seca, que vai até junho. Certamente a melhor época deste quente lugar.  Sim, é sempre quente! Quente e úmido. Mas isto já era esperado de um país no coração da Ásia, cercado por oceanos, coberto por florestas e cortado por caudalosos rios. Na verdade, a Tailândia é um dos mais emblemáticos países desta parte do mundo. A sua capital e maior cidade, Bangkok, é muito acolhedora e bem estrutura. Uma cidade cosmopolita, onde grandes edifícios contrastam com ruas antigas e canais margeados por palafitas. Uma cidade pontilhada de templo. Dizem que são milhares só na cidade e mais de 40 mil em todo o país.

Afinal, 95% da população se declara seguidora do ensinos de Buda, o mestre indiano Siddharta Gautama. Talvez por isto os templos sejam um dos maiores atrativos turísticos do país. Em Bangkok visitei vários, porém dois me impressionaram muito. Wat Arum, um lindo templo de inspiração cambojana foi construído as margens do Rio Chao Prayha, que corta a cidade. Pagodes esguios, escadas íngremes e uma das melhores vistas da cidade são alguns dos seus atributos. Não longe dali está o templo de Wat Pho, outro lugar marcante. Além de sua beleza pujantes, misturando estatuas de Buda com um jardim impecável, encontramos ali uma das esculturas mais lindas do país, o Buda Deitado. Trata-se uma estátua de Buda reclinado, com a cabeça apoiada sobre a mão, esperando a entrada no Nirvana. O fantástico é que a estátua tem 45 metros de comprimento e mais de 5 metros de altura. Tudo dentro de um rico e decorado templo. Vale a pena conhece-lo! No norte do país, visitei outros dois templos que compensaram toda a viagem. Em Chiang Mai, a segunda maior cidade da Tailândia visite o templo de Way Phrathat Doi Suthep. Situado no alto de uma montanha,  este lugar sagrado para os budistas guarda dois grandes pagodes cobertos de placas de ouro puro. Em um dia de sol, o brilho destas estruturas, cercadas por estatuas douradas é fantástico. Sua beleza só é superada pelo moderníssimo Templo Branco, localizado na vizinha cidade de Chiang Rai. Projetado pelo arquiteto Chalermchai Kositpipat, começou a ser construído em 1997 e ainda não está completamente terminado. Foi concebido para ser uma obra de arte, cuja decoração emprega milhões de espelhos que refletem a luz do sol e possui estatuas nos mais variados estilos. Tudo ali representa o bem e o mal. A dualidade do mundo. Os edifícios, todos pintados de branco e com detalhes em dourado, são impressionantes tanto pela sua altura como pelos seus detalhes. Mas atenção: aqui nada pode ser tocado, para manter o beleza e a pureza do lugar.

Como já disse, são mais de 40 mil templos. Muitos? Então imagine quantos monges estes templos abrigam. A estimativa é que existam cerca de 300  400 mil monges budistas em toda a Tailândia. Isto acontece porque ser monge é quase uma tradição no país. De todo o homem é esperado que dedique de 1 a 3 meses de sua vida no monastério, meditando e aprendendo os fundamentos da religião. As empresas até dispensam seus funcionários para este dever sagrado. Por isto é comum ver tantos monges na rua, especialmente de manhã bem cedo. Como eles não podem cozinhar ou comprar alimentos, saem todos dos monastérios ao nascer do sol para receber doações de comida pronta, frutas e agua entregues pela população.  Em troca, eles cantam mantras e oferecem bênçãos aos doadores e aos seus antepassados. Uma amostra de como a religião está presente no dia a dia desta população.

Mas nem só de templos e monges vive a Tailândia. Existem vários outros atrativos e experiências que atraem o olhar do visitante. Em Bangkok por exemplo, vale a pena explorar seus mercados, alguns deles bem curiosos. O da vila de Maeklong, é conhecido também como Mercado dos Trilhos. Ele literalmente ocupa 300 metros dos trilhos de trem que passam pelo meio da cidade. As barracas são todas construídas de modo a poderem ser desmontadas em poucos minutos. Isto porque 8 vezes por dia o dono dos trilhos, o trem, atravessa o mercado, passa “raspando” as pessoas, balcões de legumes e bacias com frutas. Um espetáculo que vale a pena assisti! Outro lugar imperdível em Bangkok é o mercado flutuante de Damnoem-saduak . Embora existam muitos mercados como este, o de Damnoem-saduak é o maior e mais famoso. Para chegar até ele é preciso embarcar em barcos chamados de Long Tail (Rabo longo) e atravessar os bairros que floresceram as margens dos canais. Uma vez no mercado, mergulha-se de corpo e alma no espirito tailandês. Seja navegando pelos canais ou caminhando pelas estreitas passarelas é possível conhecer os costumes, sabores, cores e os tipos que formam este simpático povo. Vá preparado para gastar e experimentar, pois só assim você vai poder entender o país.

Fora de Bangkok, a Tailândia fica ainda mais interessante. O pai se torna mais tradicional e os costumes ainda mais autênticos. As casas de massagem Thai, símbolo máximo do país, estão por toda a parte, literalmente em cada esquina. Por preços bem módicos é possível ser torcido, dobrado, montado e puxado por habilidosas massagistas que dominam esta técnica milenar. Uma mistura dor e prazer que resulta sempre em um profundo bem estar. Outra experiência, menos sensorial, mas igualmente importante, é conhecer outro símbolo nacional, o elefante. Em algumas cidades é possível passar horas ou até o dia inteiro com estes fantásticos animais e conhecer seus hábitos e habilidades. Em alguns lugares é permitido interagir com os paquidermes e até acompanhá-los em uma banho de Rio.

Se voce é como eu e gosta de vida selvagem, então aproveite a sua estada em Chiang Mai e conheça outro atrativo local, o Tiger Kingdom. Neste centro de preservação é possível ter contato em primeiro grau com os impressionantes tigres asiáticos. Eu fui e pude entrar nas jaulas tanto com filhotes de 3 meses, como com tigres adultos de até 2 anos. Animais dóceis, não sedados, porém acostumados desde pequenos com a presença do homem. Uma experiência única! Medo? Só um pouquinho!

E por falar em experiência, a melhor delas eu deixei para o final. Fui até a pequena cidade de Mae Hoon Song, situada nas montanhas do noroeste do país. Ali tive a oportunidade de visitar a tribo das mulheres girafas, ou mulheres do pescoço comprido, como gostam de serem chamadas. Estas mulheres da etnia Karen são originarias vizinha Myanmar, a antiga Birmânia e vivem refugiadas no norte da Tailândia. Elas fogem da perseguição promovida pelo governo do seu país contra as pequenas etnias. Desde pequenas, enfeitam os pescoços e pernas com argolas de bronze, que vão crescendo em número e tamanho com o passar do anos. Algumas delas chega a ter 25 ou 30 argolas entre os ombros e o queixo. Isto lhes empresta uma postura altiva e nobre. Uma beleza única! Ninguém sabe explicar ao certo como este costume começou, mas acredita-se que foi mesmo pela vaidade, pela beleza. A tribo não cobra nada pela visita dos turistas e recebe a todos com muita atenção e carinho. Só pedem para que comprem alguma coisa nas barraquinhas montadas na frente de cada casa. As mulheres do pescoço longo são ótimas artesãs e grandes cantoras. Não é difícil ouvi-las cantarolar uma música tradicional acompanhada de um pequeno violão. As famílias vivem da agricultura de subsistência e da venda de artesanatos aos turistas. Quando juntam algum dinheiro, caminham clandestinamente pelas fronteiras e ajudam seus maridos que ficaram no país vizinho. Uma cultura fantástica e autêntica, que impressiona a todos que a conhecem. Bem, para falar a verdade, tudo na Tailândia impressiona. Desde que pus os pés neste pais, fico cada vez mais admirado com tudo o que vejo. E olha que nem fui ao sul, onde dizem que estão as mais lindas praias de toda Ásia. Mais isto será meu motivo para uma próxima viagem. Pode ter certeza, eu vou voltar.

Peter Goldschmidt
* Peter é membro da Família Goldschmidt que desde 1999 viaja pelo mundo descobrindo e divulgando novos roteiros turísticos. É também diretor da agência de turismo Gold Trip – www.goldtrip.com.br